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Tintas humanas com significados divinos

Atualizado: 13 de mai.

Entrar no Santuário São José é fazer uma experiência profunda de intimidade com Deus. A arquitetura, os afrescos e o ambiente de silêncio auxiliam o fiel a mergulhar no clima de oração. Como afirmava o escritor Pseudo-Crisóstomo: “Pela oração, a alma se eleva até os céus e une-se ao Senhor num abraço inefável”. Mas como se deu a pintura da linda igreja de São José?


No início do ano 1910, um alemão chamado Guilherme (William) Schumacher deixou sua família na Alemanha e veio se estabelecer em uma colônia alemã fundada pelo governo brasileiro. Padre Tiago Boomars, superior da época, procurava insistentemente um bom pintor para preparar um quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para a comunidade de Curvelo, MG. Foi então que um amigo dos missionários redentoristas, chamado Epaminondas Pires, indicou o nome daquele estrangeiro que tinha um talento precioso. Depois de pintar o quadro, ele mesmo se ofereceu para pintar toda a igreja, começando pelo batistério, em forma de teste. Os padres ficaram admirados com a obra no batistério e contrataram o senhor Schumacher por 19 contos de réis, para pintar toda a igreja, usando uma tinta inventada há pouco, chamada olsina. 


Sempre seguindo os direcionamentos teológicos que os missionários lhe faziam, o pintor tirava dos seus pincéis a arte divina. Cada vez mais linda, era grande o assombro ao ver aquele artista fazendo quase tudo sozinho. Teve a ajuda do chamado Sr. Goretti, que também pintou a capela do convento. Guilherme fez outros trabalhos em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, acompanhado de sua família que veio da Alemanha, e todos nós somos muito gratos pelo seu lindo e grandioso trabalho. A pintura começou em 1911 e terminou no final de 1912. 


Foto: Adobe Stock

Na abside, que fica no santuário (capela-mor), podemos ver a Glória Celeste, a Trindade, a Eucaristia, o coro dos céus, com anjos e santos. Na nave central, lindíssimas passagens bíblicas, que nos recordam a missão de São José, pintadas bem na base do forro. Nas paredes superiores da nave central, podemos ver quatorze santos homens, do lado esquerdo, e quatorze santas mulheres do lado direito. Somos todos chamados à santidade. Nas naves laterais, temos a representação de dezesseis constelações, significando a submissão de toda criatura ao poder do Criador. Nada neste mundo, mesmo as realidades mais potentes, podem se comparar ao poder de Deus. Diferente do que muitos afirmam, essas constelações não representam signos do horóscopo ou magia pagã, mas sim a reverência à grandeza do Deus Altíssimo. Além das doze constelações do Zodíaco, há também a presença das constelações: Ursa Maior, Ursa Menor, Cruzeiro do Sul e Guerreiro de Órion. 



No transepto, encontramos as capelas laterais do Perpétuo Socorro, à esquerda, ladeada pelo altar do Sagrado Coração de Jesus; e de Santo Afonso, à direita, ao lado da capela da Imaculada Conceição. Nas paredes, no teto e no chão, encontramos uma obra de arte harmônica que nos convida a focar a nossa atenção nas realidades divinas. Figuras geométricas, zoomórficas (formas de animais), fitomórficas (formato de plantas) e antropomórficas (formas humanas em objetos ou animais), que representam a teologia, a teofania e os simbolismos diversos do ser cristão. Vale a pena contemplar cada detalhe, cada afresco, cada imagem dessa obra monumental de pintura do Santuário São José, em Belo Horizonte!

Autor: Pe. José Luís Queimado 

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